terça-feira, 31 de maio de 2011

31 de maio - Visitação de Maria



Um dia antes da festa da Visitação, em 1610, Francisco de Sales foi visitar as primeiras irmãs do Instituto. Entre outras coisas, disse-lhes que tinha pensado  e repensado mil vezes no nome particular que deveria dar à Congregação nascente. Finalmente se resolver que fosse chamado de Visitação, não só porque ele destinava suas filhas à visita e ao serviço dos pobres, mas também, porque encontrava neste mistério mil detalhes para a formação espiritual das novas religiosas.

"A Santíssima Virgem se levantou logo e foi visitar Isabel, apressadamente, para mostrar-nos a prontidão com que devemos corresponder às aspirações divinas. De fato, quando o Espírito Santo toca um coração, afasta todas as formas de preguiça e demora, defeitos que muitas vezes complicam a vida espiritual. Ele gosta muito da diligência e prontidão em tudo que diz respeito à vontade Divina." (Sermões 19; O.C. IX, p. 165)

segunda-feira, 30 de maio de 2011

MENSAGEM DO PAPA BENTO XVI PARA O 45º DIA MUNDIAL DAS COMUNICAÇÕES SOCIAIS


No próximo final de semana, dia 5 de junho, será celebrado o 45º Dia Mundial das Comunicações. Este "dia" foi instituido pelo Concílio Vaticano II para que todos se lembrem da importância, para o mundo atual, de discutir e refletir sobre a comunicação, não somente dos meios ou de máquinas, mas a comunicação humana. Abaixo publico a carta do Papa que merece ser lida e refletida.

Verdade, anúncio e autenticidade de vida, na era digital

Queridos irmãos e irmãs!
Por ocasião do XLV Dia Mundial das Comunicações Sociais, desejo partilhar algumas reflexões, motivadas por um fenômeno característico do nosso tempo: a difusão da comunicação através da rede internet. Vai-se tornando cada vez mais comum a convicção de que, tal como a revolução industrial produziu uma mudança profunda na sociedade através das novidades inseridas no ciclo de produção e na vida dos trabalhadores, também hoje a profunda transformação operada no campo das comunicações guia o fluxo de grandes mudanças culturais e sociais. As novas tecnologias estão a mudar não só o modo de comunicar, mas a própria comunicação em si mesma, podendo-se afirmar que estamos perante uma ampla transformação cultural. Com este modo de difundir informações e conhecimentos, está a nascer uma nova maneira de aprender e pensar, com oportunidades inéditas de estabelecer relações e de construir comunhão.
Aparecem em perspectiva metas até há pouco tempo impensáveis, que nos deixam maravilhados com as possibilidades oferecidas pelos novos meios e, ao mesmo tempo, impõem de modo cada vez mais premente uma reflexão séria acerca do sentido da comunicação na era digital. Isto é particularmente evidente quando nos confrontamos com as extraordinárias potencialidades da rede internet e a complexidade das suas aplicações. Como qualquer outro fruto do engenho humano, as novas tecnologias da comunicação pedem para ser postas ao serviço do bem integral da pessoa e da humanidade inteira. Usadas sabiamente, podem contribuir para satisfazer o desejo de sentido, verdade e unidade que permanece a aspiração mais profunda do ser humano.
No mundo digital, transmitir informações significa com frequência sempre maior inseri-las numa rede social, onde o conhecimento é partilhado no âmbito de intercâmbios pessoais. A distinção clara entre o produtor e o consumidor da informação aparece relativizada, pretendendo a comunicação ser não só uma troca de dados, mas também e cada vez mais uma partilha. Esta dinâmica contribuiu para uma renovada avaliação da comunicação, considerada primariamente como diálogo, intercâmbio, solidariedade e criação de relações positivas. Por outro lado, isto colide com alguns limites típicos da comunicação digital: a parcialidade da interação, a tendência a comunicar só algumas partes do próprio mundo interior, o risco de cair numa espécie de construção da autoimagem que pode favorecer o narcisismo.
Sobretudo os jovens estão a viver esta mudança da comunicação, com todas as ansiedades, as contradições e a criatividade própria de quantos se abrem com entusiasmo e curiosidade às novas experiências da vida. O envolvimento cada vez maior no público areópago digital dos chamados social network, leva a estabelecer novas formas de relação interpessoal, influi sobre a percepção de si próprio e, por conseguinte, inevitavelmente, coloca a questão não só da justeza do próprio agir, mas também da autenticidade do próprio ser. A presença nestes espaços virtuais pode ser o sinal de uma busca autêntica de encontro pessoal com o outro, se estiver atento para evitar os seus perigos, como refugiar-se numa espécie de mundo paralelo ou expor-se excessivamente ao mundo virtual. Na busca de partilha, de «amizades», confrontamo-nos com o desafio de ser autênticos, fiéis a si mesmos, sem ceder à ilusão de construir artificialmente o próprio «perfil» público.
As novas tecnologias permitem que as pessoas se encontrem para além dos confins do espaço e das próprias culturas, inaugurando deste modo todo um novo mundo de potenciais amizades. Esta é uma grande oportunidade, mas exige também uma maior atenção e uma tomada de consciência quanto aos possíveis riscos. Quem é o meu «próximo» neste novo mundo? Existe o perigo de estar menos presente a quantos encontramos na nossa vida diária? Existe o risco de estarmos mais distraídos, porque a nossa atenção é fragmentada e absorvida por um mundo «diferente» daquele onde vivemos? Temos tempo para refletir criticamente sobre as nossas opções e alimentar relações humanas que sejam verdadeiramente profundas e duradouras? É importante nunca esquecer que o contacto virtual não pode nem deve substituir o contacto humano direto com as pessoas, em todos os níveis da nossa vida.
Também na era digital, cada um vê-se confrontado com a necessidade de ser pessoa autêntica e reflexiva. Aliás, as dinâmicas próprias do social network mostram que uma pessoa acaba sempre envolvida naquilo que comunica. Quando as pessoas trocam informações, estão já a partilhar-se a si mesmas, a sua visão do mundo, as suas esperanças, os seus ideais. Segue-se daqui que existe um estilo cristão de presença também no mundo digital: traduz-se numa forma de comunicação honesta e aberta, responsável e respeitadora do outro. Comunicar o Evangelho através dos novos mídia significa não só inserir conteúdos declaradamente religiosos nas plataformas dos diversos meios, mas também testemunhar com coerência, no próprio perfil digital e no modo de comunicar, escolhas, preferências, juízos que sejam profundamente coerentes com o Evangelho, mesmo quando não se fala explicitamente dele. Aliás, também no mundo digital, não pode haver anúncio de uma mensagem sem um testemunho coerente por parte de quem anuncia. Nos novos contextos e com as novas formas de expressão, o cristão é chamado de novo a dar resposta a todo aquele que lhe perguntar a razão da esperança que está nele (cf. 1 Pd 3, 15).
O compromisso por um testemunho do Evangelho na era digital exige que todos estejam particularmente atentos aos aspectos desta mensagem que possam desafiar algumas das lógicas típicas da web. Antes de tudo, devemos estar cientes de que a verdade que procuramos partilhar não extrai o seu valor da sua «popularidade» ou da quantidade de atenção que lhe é dada. Devemos esforçar-nos mais em dá-la conhecer na sua integridade do que em torná-la aceitável, talvez «mitigando-a». Deve tornar-se alimento quotidiano e não atracção de um momento. A verdade do Evangelho não é algo que possa ser objeto de consumo ou de fruição superficial, mas dom que requer uma resposta livre. Mesmo se proclamada no espaço virtual da rede, aquela sempre exige ser encarnada no mundo real e dirigida aos rostos concretos dos irmãos e irmãs com quem partilhamos a vida diária. Por isso permanecem fundamentais as relações humanas direta na transmissão da fé!
Em todo o caso, quero convidar os cristãos a unirem-se confiadamente e com criatividade consciente e responsável na rede de relações que a era digital tornou possível; e não simplesmente para satisfazer o desejo de estar presente, mas porque esta rede tornou-se parte integrante da vida humana. A web está a contribuir para o desenvolvimento de formas novas e mais complexas de consciência intelectual e espiritual, de certeza compartilhada. Somos chamados a anunciar, neste campo também, a nossa fé: que Cristo é Deus, o Salvador do homem e da história, Aquele em quem todas as coisas alcançam a sua perfeição (cf. Ef 1, 10). A proclamação do Evangelho requer uma forma respeitosa e discreta de comunicação, que estimula o coração e move a consciência; uma forma que recorda o estilo de Jesus ressuscitado quando Se fez companheiro no caminho dos discípulos de Emaús (cf. Lc 24, 13-35), que foram gradualmente conduzidos à compreensão do mistério mediante a sua companhia, o diálogo com eles, o fazer vir ao de cima com delicadeza o que havia no coração deles.
Em última análise, a verdade que é Cristo constitui a resposta plena e autêntica àquele desejo humano de relação, comunhão e sentido que sobressai inclusivamente na participação maciça nos vários social network. Os crentes, testemunhando as suas convicções mais profundas, prestam uma preciosa contribuição para que a web não se torne um instrumento que reduza as pessoas a categorias, que procure manipulá-las emotivamente ou que permita aos poderosos monopolizar a opinião alheia. Pelo contrário, os crentes encorajam todos a manterem vivas as eternas questões do homem, que testemunham o seu desejo de transcendência e o anseio por formas de vida autêntica, digna de ser vivida. Precisamente esta tensão espiritual própria do ser humano é que está por detrás da nossa sede de verdade e comunhão e nos estimula a comunicar com integridade e honestidade.
Convido, sobretudo os jovens a fazerem bom uso da sua presença no areópago digital. Renovo-lhes o convite para o encontro comigo na próxima Jornada Mundial da Juventude em Madrid, cuja preparação muito deve às vantagens das novas tecnologias. Para os agentes da comunicação, invoco de Deus, por intercessão do Patrono São Francisco de Sales, a capacidade de sempre desempenharem o seu trabalho com grande consciência e escrupulosa profissionalidade, enquanto a todos envio a minha Bênção Apostólica.

Vaticano, Festa de São Francisco de Sales, 24 de Janeiro de 2011.

BENEDICTUS PP. XVI

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Reflexão salesiana para o final de semana - Sexto Domingo da Páscoa - 29 de maio de 2011



Destaque: "E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará um outro defensor, para que permaneça sempre convosco.”

Perspectiva Salesiana

No Evangelho de hoje Jesus promete interceder junto ao Pai para que ele envie um advogado (as vezes traduzido como paráclito, que em grego Parakletos, significa "aquele que consola ou que apoia) para acompanhar os seus discípulos.

No dicionário Houaiss da língua portuguesa, a palavra advogado é definida como: (1) pessoa habilitada a prestar assistência profissional em assunto jurídico, defendendo judicial ou extrajudicialmente os interesses do cliente (2) aquele que intercede, que medeia; mediador, intercessor (3) indivíduo que patrocina ou protege alguém ou uma causa; patrono, defensor. O dicionário menciona ainda que a palavra vem do latim, advocatus, do particípio passado de advocare, que significa convocar, obter conselho. Outras palavras importantes derivadas incluem vocal, voz, equivoco, vocação, responder, advogar, evocar, invocar, provocar e épico.

De todas estas palavras a que se destaca à vista é responder. Neste contexto, este advogado, o Paráclito, o Espírito Santo, responderá por todos aqueles que seguem Jesus. Dito de outra forma, este advogado é alguém que nos representa.

Mas espere, ainda há mais! Muitos de nós não percebemos que Jesus prometeu a seus discípulos "outro" advogado? Se não estou enganado, "outro" significa que este não é o primeiro advogado que tenha sido enviado para nós, pelo contrário, este é um segundo advogado, o que nos faz perguntar: quem era o advogado anterior?

O próprio Jesus. Jesus tornou-se nosso representante no momento em que se fez um de nós, quando se tornou um conosco, quando ele se tornou um por nós. Jesus se tornou nosso representante vivendo entre nós, trabalhando por nós, amando-nos e morrendo por nós para que pudéssemos um dia, elevar-nos para sempre através do poder e da promessa da ressurreição.

Mas espere um minuto. Parece que temos mais um advogado a reconhecer: Deus, o Senhor, o Pai.

Deus tornou-se nosso representante no momento em que criou algo do nada. Deus tornou-se nosso representante ao criar formas a partir do caos. Deus tornou-se nosso representante através da criação, permitindo-nos compartilhar um pouco de Sua imagem e semelhança divina. Deus tornou-se nosso representante através da encarnação ao assumir a nossa imagem e semelhança humana.

Numa palavra, parece que Deus, nosso Advogado Eterno, é, entre outras coisas, "representante".

Como filhos de Deus, como irmãos e irmãs de Jesus, como templos do Espírito Santo, também nós fomos chamados a sermos advogados. Nós somos chamados para representar o que é justo, somos chamados para representar o que é correto, somos chamados a representar tudo o que implica em paz, nós somos chamados a representar tudo o que é justo e imparcial. Especialmente como membros da tradição salesiana, somos chamados a representar tudo o que é de Deus é de forma cortês e atenciosa.
Deus nos representa ao criar-nos, resgatar-nos e inspirar-nos. A melhor maneira de expressarmos nossa gratidão por tudo isso é através da nossa disposição de sermos Seus representantes, uns aos outros.

O P.Michael S. Murray, OSFS é o Diretor do Centro Espiritual de Sales.

terça-feira, 24 de maio de 2011

Dom Bosco e São Francisco de Sales (8)


Vejam que interessante a ideia de Dom Bosco de publicar as obras de São Francisco de Sales. Vou ainda fazer uma pesquisa para ver o que ele realmente publicou. Foi uma pena que não tenha publicado toda a Obra, como ele queria. E vejam, com a necessidade de fazer conhecer a vida e a obra de São Francisco de Sales. 

"Sentindo a necessidade de fazer conhecer a vida e a obra de São Francisco de Sales, mas percebendo que as biografias existentes não eram adaptadas aos jovens os aos tempos, o Beato convidou publicamente, em janeiro de 1876 os primeiros salesianos, a compor duas: uma, para o povo e para a juventude, em único volume, pequeno, e para se ter cópias nos colégios e nas sacristias. Outra em dois volumes, recolhida dos melhores autores e diligentemente elaborada, para as pessoas instruídas. Tinha opinião de que com isso se conheceriam os pensamentos do santo e assim se colocaria em ação tudo o que valesse para confirmar o princípio católico contra os princípios do protestantismo. Impressa a obra da Vida, ele se animava a proceder a edição da Obra apropriada. No entanto desejava que se publicasse logo a “Filotéia” em bom formato, retocando-a, porém, para que pudesse ser “endereçada à juventude e a todas as Casas de educação”. Desejava publicar as “Obras Completas” integralmente. Esta seria uma empresa árdua, a de publicar em italiano as “Obras Completas” de São Francisco, mas que revelava sempre mais em nosso fundador a grandiosidade de sua concepção"(MB 11, 437)

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Reflexão salesiana para o final de semana - Quinto Domingo da Páscoa - 22 de maio de 2011




Hoje Jesus pede para que acreditemos Nele. Ele é a Verdade que nos dá vida, que nos enche de força para que possamos fazer coisas grandes. São Francisco de Sales diz:

Não há nada mais forte do que a verdade. Viver na verdade é viver uma vida completamente conformada com a fé simples. A força da fé é tão grande que não tem medo de nada. Nós todos temos esta fé férrea, mas nem sempre percebemos que a levamos dentro de nós e muitas vezes nos deixamos dominar pelo medo e nos tornamos fracos. A força da fé consiste, em parte, no entendimento do poder que ela nos dá, ou seja, que podemos fazer tudo em nome de Deus, que nos fortalece. A força da nossa fé nos faz reconhecer a realidade da nossa bondade e dignidade, como pessoas que têm a capacidade de estarmos unidos a Deus, que é a Verdade. Nossa fé, em união com Deus nos sustenta no meio de tantas grandes fraquezas, e nos dá a força para nos converter-nos em pessoas autênticas.

O objetivo da autenticidade cristã é transcender para além do nosso espírito de egocêntrico e encontrar o nosso verdadeiro espírito em Cristo. Nosso Senhor veio a este mundo para nos dar vida. Ainda assim, ao longo de nossas vidas prevalecerão em nós determinados interesses egoístas que nos separam do caminho vivificante de Deus. Pouco a pouco devemos ir deixando de lado estes afetos por coisas inferiores e buscar a felicidade que Ele quer para nós. Quanto mais entusiasmo demonstrarmos no nosso propósito de afastar estes amores inferiores, mais espaço estaremos dando para o amor de Deus para que possa fazer maravilhas em nós. Quanto mais nós nos livramos de nossos desejos egoístas e aceitarmos o que Deus quer para nós, mais livre será o nosso espírito humano da nossa inquietação interior.

As abelhas ficam inquietas quando não tem uma rainha. Nós também estaremos inquietos até que não dermos à luz ao Salvador em nossos corações. Permaneçamos muito próximos a este Salvador Santo que nos reúne ao seu redor para nos manter sempre sob sua proteção. Ele é como a abelha rainha, que se preocupa tanto com o enxame, que nunca deixa a colmeia a menos que esteja cercada por todo o seu pequeno povoado. Grande é a confiança que nosso Redentor deseja que depositemos em Seu cuidado para conosco. Todos aqueles que confiam Nele sempre colherão os frutos desta confiança. Imite o seu exemplo verdadeiro e vivificante, que realmente nos levará a fazer grandes coisas!

(Adaptado dos escritos de São Francisco de Sales)

Destaque: “Não se perturbe o vosso coração. Tendes fé em Deus, tendo fé em mim também.”

Perspectiva Salesiana

William Barclay fala sobre o contexto para esta garantia que Jesus dá aos seus discípulos no Evangelho de hoje. "Em um tempo muito curto, a vida, para os discípulos, entraria em colapso. Seu mundo estava se convertendo num caos total. Nesse momento só havia uma coisa a fazer: agarrar-se completamente na confiança em Deus... chega um tempo quando temos que acreditar naquilo que não podemos comprovar e aceitar, o que nem sempre podemos entender. Se na hora mais escura acreditamos que existe um propósito para esta vida e que este propósito é o amor, até mesmo o insuportável se tornará suportável e na escuridão haverá uma luz de esperança".
Existem muitas coisas que perturbam os nossos corações. Em todo o mundo testemunhamos a devastação do terrorismo, a violência relacionada com a intolerância religiosa, o ódio associado com o genocídio social e cultural, a devastação causada por desastres naturais. Internamente os americanos parecem estar polarizados em relação às incertezas associadas com questões como a segurança nacional, segurança social, independência energética e serviços de saúde acessíveis. Noutra frente mais próxima ainda, cada um de nós mantém sempre preocupações e ansiedades relacionadas à família, aos amigos e a outras pessoas que amamos... inclusive nós mesmos.

A verdade é que há sempre algo, seja global ou local, que distrai a mente e perturba o nosso coração.

Ao enfrentarmos estas e muitas outras coisas que invadem o nosso coração, Jesus nos pede para ter fé nele.

São Francisco de Sales observa: "Que posso dizer para ajudá-los e para que estes pensamentos deixem de fluir em seus corações? Não tentem se livrar deles, porque este esforço tão ansioso somente vai fazer com que seus corações se tornem mais doentes ainda.... Não tentem superar essas ansiedades, que esse esforço só vai fortalecê-las... Mantenha suas mentes fixas em Cristo crucificado.” Ele conclui dizendo que "Se o mundo inteiro é dirigido para, se tudo ao nosso redor vira fumaça e escuridão, devemos ter em mente que Deus está conosco. Porque, se nós sabemos que Deus vive na escuridão e no Monte Sinai, que estão cheios de fumaça e rodeado por estrondos ensurdecedores e relâmpagos, por acaso, não estaremos bem se ficarmos perto de Deus? " (Stopp, Selected Letters , p. 125)

Em determinados momentos de nossas vidas, nos passa a todos, que chegamos ao ponto onde nós fizemos todo o possível para tentar resolver nossos problemas ou silenciar nossas preocupações, e a única coisa que resta é deixar as coisas nas mãos de Deus. Há outros momentos em que não temos a menor ideia de como resolver um problema e, em seguida, colocamos nossa confiança em Deus. A sabedoria que existe em cada conselho de Francisco de Sales é baseada na necessidade de reconhecer que, na medida em que nós permitirmos que nossos corações sejam perturbados, perderemos a força ou a habilidade de lidar com as coisas que nos incomodam. Colocando nossa confiança em Deus - colocar nossa confiança em Jesus – nos prepara para aprender a confiar em nós mesmos e no outros e na hora de lidar com os desafios da vida. Colocando nossa confiança em Deus também nos lembra que confiar em nós mesmos e nos outros, incluindo aqueles que menos amamos – tem um limite.

Colocando nossa confiança em Deus não está garantido como o mistério da vida irá de desenrolar. Ainda assim, colocar nossa confiança em Deus também deve ser o nosso primeiro passo para chegar a entender os mistérios da vida mais profundamente... e com mais fé.

O P.Michael S. Murray, OSFS é o Diretor do Centro Espiritual de Sales.

quinta-feira, 12 de maio de 2011

Reflexões Salesianas para o IV Domingo da Páscoa - 15 de maio de 2011


Hoje o Evangelho nos apresenta Jesus como o Bom Pastor. Ele nos convida a ouvir a Sua voz, para que "tenhamos vida e a tenhamos em abundância". São Francisco de Sales fez o seguinte comentário:
Nosso Bom Pastor nos reúne ao seu redor para nos manter sob a sua proteção. Cheio de bondade alimenta-nos com Seu amor. A mão de Deus é muito amorosa na gestão do nosso coração e o fortalece sem nos privar da liberdade. Aqueles que ouvem a Sua voz nunca carecerão de inspiração sagrada para levar uma vida cheia de abundância, e assim assumir as suas responsabilidades de maneira sagrada.
Para ouvir bem, devemos primeiro aprender a ouvir. Para ouvir a palavra de Deus, devemos primeiro abrir os nossos corações. Para poder ouvir a palavra de Deus, devemos aprendê-la bem e realizar o que ela nos ensinou. Quando o maná caiu do céu, os judeus acordavam antes do amanhecer de cada dia para buscá-lo. O comiam para que lhes servisse de alimento e assim pudessem recuperar suas forças. Esta é a maneira como devemos digerir a palavra de Deus, a fim de torná-la parte do nosso ser.
Portanto, alimente-se cada dia com leituras espirituais que reafirmem a palavra de Deus em vocês, para orientá-los no caminho do bem-estar eterno. Que a palavra de Deus, que ouviram continue a falar durante o dia. Coloquem isso em prática, e deixem o resto nas mãos do nosso Salvador, que irá sustentar nossas verdadeiras necessidades. Se quisermos ter a vida eterna em abundância, é preciso primeiro ouvir a voz do nosso Pastor que nos guia, sempre que deixarmos fazê-lo.
Dado que desencaminhamo-nos facilmente, Nosso Salvador quer nos ensinar como alcançar uma vida de abundância, deixando-nos guiar pelo amor a sua voz, em vez do amor ás vozes dos estranhos que nos desviam do caminho. O amor é verdadeiro quando vivemos na luz do amor de nosso Salvador, e não na luz dos amores egoístas, que a cultura tanto enfatiza. Que felizes seremos se permanecermos na presença do pastor, ouvindo e vivendo fielmente Sua voz!
(Adaptado do Sermão de São Francisco de Sales, Fiore L., Ed)
Destaque: “Se suportais com paciência aquilo que sofreis por ter feito o bem, isso vos torna agradáveis diante de Deus.”
Perspectiva Salesiana
Nós ouvimos os ecos da Primeira Carta de Paulo em uma das exortações de S. Joana de Chantal aos membros da sua comunidade, as Irmãs da Visitação. Ela argumentou: "Olhemos nosso Salvador, seu sofrimento excessivo e seu amor excessivo. Mantenhamos nossos corações atentos a estas coisas, para que o nosso Divino Salvador nos possa comunicar e dar a força para suportar as coisas que de sua adorada mão nos chegam". (Palestras, página 255)
Como chegar a comparar nosso sofrimento com o sofrimento que Jesus viveu?  Se falarmos do sofrimento experimentado em seu último dia, não existe comparação. Mas se considerarmos o grande esforço que fazemos para sofrer ao suportar os outros, então vamos perceber que realmente temos muito em comum com o sofrimento de Jesus, muito mais do que vocês podem imaginar.
Analisem a palavra sofrimento em si mesma. Ela não implica somente “aguentar” algo difícil, doloroso, ou mesmo prejudicial. A palavra sofrimento vem do latim, sufferre, que significa "carregar, aguentar, dar a luz... ou, vida a."
Feitos à imagem e semelhança de Deus, redimidos pelo amor de Cristo e inspirados pelo Espírito, todos nós temos uma responsabilidade para carregar: viver a nossa vida pelos irmãos. Todos somos chamados a arcar com a responsabilidade de amar-nos uns aos outros, ajudar-nos  uns aos outros, a desafiar-nos  uns aos outros, a curar-nos uns aos outros, a incentivar-nos  uns aos outros. Filhos de Deus, irmãos e irmãs em Cristo, todos estamos carregados com os inconvenientes que vêm com uma vida de serviço abnegado.
Para resumir, nós somos chamados a viver da mesma maneira que Jesus viveu... ... e carregar, suportar tudo o que nos chegue como resultado do estilo de vida que escolhemos. "Foi para isto que fostes chamados, porque Cristo sofreu para vós e deu o exemplo para que vocês possam seguir os seus passos."
Santa Joana reconheceu claramente o sofrimento, a inconveniência, os esforços que temos que fazer quando nós escolhemos viver para os outros: "Temos que ter um coração grande para os nossos vizinhos que, em termos de amor, afeto e apoio significa estar dispostos a servir, confortar, suportar e apoiar no que for possível, mas com alegria e cordialidade. Um coração grande é um coração que está pronto para enfrentar todos os tipos de problemas, um coração aberto que ama todas antes de tudo a vontade de Deus". (Palestras, página 174)
Esta é a vontade de Deus para nós: não devemos passar por um sofrimento que leva à vida, mas um sofrimento que nos leva, como diz Santa Joana, "a uma nova vida na graça de Deus e o amor de Deus neste mundo e, depois, para sempre na glória...", o sofrimento causado por ter que aguentar, suportar os outros com amor (Conferências , página 117-118). Ou, como Paulo escreveu em sua carta aos Efésios (4, 2) viver uma vida que dignifique o nosso chamado, ser completamente humildes e gentis, carregando os outros... com amor.
O P.Michael S. Murray, OSFS é o Diretor do Centro Espiritual de Sales.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Reflexão domingo Salesiana - Terceiro Domingo da Páscoa - 08 de maio de 2011


Destaque: "Eles contaram como o reconheceram ao partir o pão.”

Perspectiva Salesiana

"Dois discípulos estavam a caminho de uma aldeia chamada Emaús. Em meio à conversa amena que faziam, Jesus aproximou-se e começou a caminhar ao lado deles."

Sabemos que durante o trajeto de quase sete quilômetros que Jesus andou com os dois discípulos, eles foram incapazes de determinar a identidade do viajante que os acompanhava. Somente quando se sentaram à mesa com ele - e somente quando Jesus partiu o pão e partilhou com eles, finalmente abriram os olhos para a realidade.

Que havia, neste ato tão simples ato que permitiu aos dois discípulos reconhecerem Jesus? Sem dúvida, este ato reavivou aquele momento tão poderoso que viveram pouco antes da traição de Judas contra Cristo, sua paixão e morte: o momento da última ceia. Mais ainda, teve ter-lhes recordado as muitas experiências de companheirismo e fraternidade que viveram sentados na mesma mesa com Jesus e com os outros discípulos. Lembraram as oportunidades simples, Pessoais e íntimas que tinham para chegar a entender mais sobre Jesus e sobre si mesmos. Este ato tão simples, mas ao mesmo tempo tão importante - para partir e de partilhar o pão se tornou para eles uma porta que os levou a experimentar o divino em todos os momentos do seu dia. Analisando isso numa escala maior, esse ato deve ter-lhes lembrado a experiência de comunhão e de comunidade que experimentaram com Jesus e seus companheiros ao longo do caminho, os bons momentos, maus e intermediários que passaram enquanto viviam, aprendiam e amavam juntos.

A ligação desta história com a compreensão eventual da Igreja sobre o que é a comunhão foi um ponto destacado por São Francisco de Sales. Em seu livro Sobre o Pregador e a pregação, escreveu: "É verdade que Nosso Senhor está verdadeiramente conosco, nos ilumina porque ele é a luz. Depois que os discípulos de Emaús comungaram, seus olhos se abriram.” (página 26). - Em nossa celebração e recepção como uma comunidade reunida em torno da mesa com o Senhor, ele está desafiando-nos a vê-lo como Cristo está presente na Eucaristia e como Cristo está presente dentro de nós.

Ainda assim, devemos ampliar nossa noção de comunicação para entender mais profundamente o significado desta cena do Evangelho. Jesus se faz especialmente presente em cada mesa onde as pessoas se reúnem em fraternidade. Jesus se encarna onde as pessoas permitem ser partido e compartilhado com e pelos “outros”. Jesus pode ser visto sempre onde as pessoas estão mais focadas em coisas que os unem e menos em coisas que podem chegar a separá-los.

Quando partimos o pão com o outro - literalmente ou figurativamente - o poder e a promessa contínua de Cristo ressuscitado se manifesta a nós. Quando decidimos “repartir-nos” para alimentar os outros, estamos personificando, neste momento, no momento de nossas vidas, em algo do mesmo Jesus que estava com os dois discípulos há muito tempo.

A questão é: reconhecemos Jesus em nossas tentativas de alimentar os outros?

O P.Michael S. Murray, OSFS é o Diretor do Centro Espiritual de Sales.

Comentários a partir de textos de São Francisco de Sales

Hoje os discípulos de Jesus experimentam a aurora da fé em Jesus ressuscitado, quando o encontram na estrada para Emaús. São Francisco de Sales faz a seguinte observação:

Jesus, vestido como um peregrino se encontra com dois dos seus discípulos na estrada de Emaús. Ele faz perguntas relacionadas com as conversas que tinham feito sobre a sua ressurreição, mas eles não o reconhecem. Depois de confessar as dúvidas que estão enfrentando em relação à sua ressurreição, Jesus os instrui e ilumina com suas palavras. Então, finalmente, no momento em que Jesus parte o pão com eles, reconhecem Nele o Salvador ressuscitado e Nele creem.

Quando uma pessoa ouve com gosto a palavra de Deus, este é um bom sinal. Estamos em constante comunicação com Deus, que nunca deixa de falar aos nossos corações pela inspiração e pelos movimentos sagrados. Deus dá a cada um de nós a inspiração necessária para viver, trabalhar e manter nossas vidas no espírito.

Quando Deus nos dá a fé, Ele entra em nossas almas, e simpaticamente sugere que devemos acreditar através da inspiração. Mas a nossa alma em trevas e na escuridão, apenas vislumbra um clarão destas verdades. É como a terra, quando coberta de neblina. Não podemos ver o sol, mas um vislumbre de luz. Esta luz obscura da fé entra em nosso espírito, e passo a passo nos leva a amar a beleza da verdade de Deus, personificada em Jesus Cristo e a acreditar nela.

A fé é a melhor amiga do nosso espírito humano. A fé nos garante a infinita bondade de Deus e, portanto, nos dá motivos de sobra para amá-lo com todo o nosso poder. Devemos cuidar muito bem do que ouvimos dentro de nós e à nossa volta, sobre a palavra divina, para que ela nos fortaleça. Sejam, portanto, dedicados à palavra de Deus, quer ser ouvida em conversas com amigos espirituais ou durante os sermões. Sigam o exemplo dos discípulos. Permitam com alegria, que as palavras de Nosso Salvador alimentem seus corações como se fossem uma pomada cicatrizante valiosa e cheia de muita esperança.

(Adaptado dos escritos de São Francisco de Sales)