sexta-feira, 28 de junho de 2013

Reflexão Salesiana para o dia dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo - 30 de junho de 2013
























Imagens de São Pedro e São Paulo na Basílica de Latrão - Roma (foto: Tarcizio Paulo Odelli - 2004)

Destaque: "Seu som ressoa e se espalha em toda a terra"

Perspectiva Salesiana

Sobre São Pedro, Francisco de Sales escreveu: "São Pedro foi escolhido para ser o chefe dos Apóstolos, embora ele estivesse sujeito a tantas imperfeições. Ele cometeu algumas até depois de ter recebido o Espírito Santo. Apesar destes defeitos, ele era sempre cheio de coragem, nunca deixando que seus defeitos impedissem sua atuação." (Conferências , Número IV, página 63) Francisco de Sales trata desta duplicidade da natureza de Pedro, no Tratado do Amor de Deus. "Quem não há de admirar o coração de São Pedro, tão intrépido no meio dos soldados armados, que foi o único dos discípulos que empunhou o ferro e feriu? Pois foi esse mesmo que, pouco depois, foi covarde à voz duma mísera serva, até o ponto de renegar o seu divino Mestre." (TAD Livro X, capítulo 9)
Vamos deixar algum espaço para São Paulo. "Ele combate por todos, faz oração por todos, apaixona-se, inflama-se por todos, e mais ainda ousou fazer pelos seus irmãos segundo a carne. Julgo não exagerar em meu juízo, imaginando que o grande Apóstolo daria de bom grado aos seus semelhantes o lugar que lhe coubesse ao pés de Jesus Cristo. Extraordinária coragem, incrível fervor de espírito! Ele imita a Jesus que por nosso amor se tornou em maldição, tomando as nossas enfermidades, suportando as nossas misérias; para falar com mais sobriedade, foi ele o primeiro, depois do Salvador, que não se recusou ao sofrimento, nem vacilou, em passar por ímpio." (TAD Livro X, capítulo 16) Claro que, como no caso de Pedro, Paulo, também tem seus defeitos. Em uma carta de encorajamento para uma irmã da Visitação, Francisco escreveu: "Não tenha vergonha... mais do que São Paulo, que confessou que havia dois homens dentro de si, um rebelde e outro obediente a Deus." (Stopp, Cartas Seletas, página 224).
A mensagem dos dois apóstolos como vemos tão claramente em suas vidas, como ouvimos em suas palavras - continua a se espalhar por toda a terra. E essa mensagem continua a ser tão clara e mais relevante hoje, como o foi há mais de dois mil anos. "Deus escolhe os fracos e os torna fortes no testemunho..." (Prefácio da Oração Eucarística dos Mártires) Deus escolhe os fracos e os torna fortes no testemunho do poder e da promessa do seu amor. Deus escolheu Pedro e Paulo para serem, naquele tempo, anunciadores da Boa Nova. Deus nos escolhe, em nosso tempo. O Senhor escolheu-nos como somos - imperfeitos, com defeitos, com falhas e tudo o mais - e nos torna fortes, belos, poderosos e apaixonados por Deus... de um para com o outro.
Deixe a mensagem de Deus - e a sua - se espalhar por toda a terra, especialmente para aqueles com os quais você convive e partilha a vida de cada dia.

P. Michael S. Murray, OSFS - Diretor do Centro de Espiritualidade de Sales.
Tradução e adaptação: P. Tarcizio Paulo Odelli - SDB 

Dos escritos de São Francisco de Sales

Hoje celebramos a festa dos Apóstolos Pedro e Paulo. As leituras de hoje nos lembram como custa ser discípulos. Para se tornar discípulo de Jesus é necessário crescer no amor de Deus. Este processo de crescimento no amor de Deus se torna fidelidade. São Francisco de Sales diz: 
Para servir verdadeiramente a Deus, devemos servi-lo puramente por amor a vontade de Deus. Às vezes não temos conforto em sermos amorosos. Trabalhamos sem prazer, uma vez que nem vemos o bem do nosso trabalho nem a satisfação daqueles para quem trabalhamos. Nós somos como cantores surdos. Não ouvimos nossas próprias vozes e não pode apreciar a melodia encantadora de nossa música. Em momentos como este, devemos mostrar fidelidade invencível ao nosso Salvador. 
Em meio a tribulações interiores nem sempre experimentamos o nosso amor por Deus. Na noite antes de São Pedro ser martirizado, um anjo entrou em sua prisão, acordou Pedro, o fez levantar-se e vestir-se. O anjo levou Pedro para a cidade e deixou-o em plena liberdade. Pedro, acordado desde o início, pensou que estivesse imaginando esses eventos. Sua mente não conseguia entender a grandeza do que aconteceu com ele. Ele finalmente percebeu que um anjo lhe havia resgatado.
Assim acontece com a alma que está sobrecarregada com provações interiores. Ela faz muitas coisas boas, como se estivesse sonhando. Ela mal sabe que suas as boas ações aconteceram realmente. Nós temos o poder de acreditar, ter esperança, e amar a Deus, ainda que nem sempre tenhamos força para vermos claramente o que fazemos. O que estamos fazendo neste momento? Nós só podemos colocar-nos nas mãos de Deus, como fizeram São Pedro e São Paulo. Enquanto eles morreram com um martírio físico, nós morremos um martírio de amor. Estamos sendo sempre martirizados quando perseveramos em servir a Deus através do santo amor. Como os primeiros discípulos de Jesus, seremos capazes de pagar o custo de sermos discípulos de Jesus, cujo amor é mais forte do que a morte?

(Adaptado de São Francisco de Sales, Tratado do Amor de Deus)


As correntes nas quais, segundo a tradição, São Pedro foi aprisionado em "São Pedro in vinculis"

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Perspectivas Salesianas 15 - Aceitando-se a si mesmo... neste momento de sua vida!























"Persevere em conquistar-se a si mesmo nas pequenas e diárias contradições que se lhe apresentam; faça disto parte principal de seus desejos. Saiba que Deus só espera isso de você. Não se preocupe, então, com nada mais; não semeie os seus desejos no jardim dos outros, mas preocupe-se em cultivar bem o seu. Não desejes ser o que não és, mas  desejes ser o melhor que possas ser. Ocupe seus pensamentos sobre como fazer isso perfeitamente e como levar as cruzes pequenas ou grandes, que tenhas que carregar. Acredite em mim, esta é uma grande verdade e a menos compreendida na vida espiritual." (São Francisco de Sales)

Quando crescíamos nos ensinaram a crescer que poderíamos fazer de nós o que quiséssemos. A maioria de nós  sonhava em se tornar alguém importante e fazer grandes coisas para a humanidade. Muitas vezes, porém, nos convertíamos em pessoas diferentes dos nossos sonhos. No entanto, muitos de nós continuamos sonhando. Estamos esperando  ainda a oportunidade de algo grande para Deus e, portanto, não estamos satisfeitos com o que somos ou o que estamos fazendo agora.

Continuamos preocupando-nos por nossas habilidades, nossa produtividade e se estamos no mesmo  nível dos nossos vizinhos.

O que mais nos preocupa é como os outros nos veem, se os nossos esforços são suficientes para que os outros nos reconheçam, ou se podemos ser tão bons como a pessoa que admiramos.

Nós nos preocupamos com o que não somos: "Eu não sou o líder da minha comunidade,  ou eu não sou o mais paciente e generoso."  Muitas vezes não estamos satisfeitos com o que somos e ignoramos nossos dons e pontos fortes. Mas,  São Francisco de Sales nos lembra: "Não te preocupe, então, de nada mais; não semeies teus desejos no jardim do outro, mas preocupa-te de cultivar bem o teu."

Como podemos aplicar esse conselho para nossas vidas? Mediante a oração e a reflexão podemos compreender nosso potencial e conseguir saber cada dia qual é a vontade de Deus para nós, independentemente se afeta uma nação ou apenas uma pessoa. 

Nas orações diárias, no início do dia, você deve tomar consciência daquilo que espera que aconteça, e como você pode seguir a Jesus através de suas ações. Examine sua consciência no final do dia para ver o quão bem sucedido tem sido. Tendo em mente o objetivo que foi proposto para esse dia e que graças Deus lhe deu, você poderá desfrutar de cada momento, porque  já se entregou à vontade de Deus.

É uma experiência muito libertadora não ter que pensar sobre "o que dirão." Isso nos dá a oportunidade de ser gratos por todos os talentos que Deus nos dá. Pare um momento  e pense sobre isso: ao avaliar o tempo que você riu com uma pessoa querida ou ter ensinado um conceito novo para uma criança, agradecemos a Deus por nossas habilidades e por aquilo que somos. Isto é tudo o que Deus pede de nós. Jesus diz: "A semente lançada em boa Terra é o que ouve e compreende a palavra, que dá frutos e colheita de cem, 60 ou trinta por um." (Mateus 13,23)

"A melhor forma de honrar a vontade  Deus é centrar-se nos nossos talentos  aceitando-nos como somos e abrindo-nos a Deus no momento presente em que vivemos. Os talentos e habilidades que Deus dá para nós usarmos a fim de cumprir a vontade Divina é o seu presente para nós. Ao reconhecer e aceitar isso podemos ver mais claramente a vontade de Deus para nós e poder discernir melhor sua vontade na vida dos outro. Podemos dar melhores frutos ou usar nossos talentos aceitando-nos tal como somos agora e estarmos abertos a Deus,que vive em cada momento do presente.

Para refletir:

1. O que você sonhava ser quando era mais jovem?
2. Você já conseguiu realizar o seu sonho ou ainda procura fazê-lo?
3. Se não, o que mudou?
4. Você está disposto a aceitar que alguns dos seus sonhos não sejam alcançados?
5. Você já fez todo o possível para viver sua vida plenamente?
6. Quais são os obstáculos internos e externos que dificultam amar-se a si mesmo?
7. Como você pode eliminar ou reduzir  esses obstáculos?

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Reflexão Salesiana para o 12º domingo do Tempo Comum - 23 de junho de 2013

























Destaque: "A minha alma tem sede de ti, ó Senhor, meu Deus."

Perspectiva Salesiana

Deus derrama sobre nós seu espírito de graça e de oração. No salmo deste domingo (salmo 62) percebemos que somente Deus pode nos saciar. Vimos nestes dias as pessoas nas ruas bradando por mais justiça, mais respeito, mais honestidade, mais verdade... temos sempre sede de tudo isso e somente Deus nos encherá. Porém, também temos que agir COMO Deus. Este como é que faz a diferença.

O que significa estar "sedentos de Deus"?

Significa querer estar perto de Deus.
Desejar conhecer a Deus.
Querer caminhar com Deus aqui na terra.
Desejar viver com Deus para sempre no céu.

Nosso desejo de unir-nos a Deus deve se expressar por meio de nossos esforços para manter a união entre nós. Estar com Deus não é suficiente. Devemos também agir como Deus. Algo que foi dito nas bem-aventuranças: "Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão saciados."
 William Barclay sugeriu que essa fome - essa sede - é própria daqueles que sofrem de fome, sede dos que morrem sem uma gota de líquido. Isto faz-nos perguntar: o nosso desejo de justiça é realmente profundo? De todas as coisas que estamos com fome/sede, qual a prioridade que temos dado ao desejo que se faça justiça?
Pode ser que aqueles que sentem este desejo não necessariamente o vejam realizado nesta terra. Este mundo não é perfeito, não somos seres perfeitos, por isso não deve surpreender-nos ou chocar-nos que ainda temos um longo caminho a percorrer no esforço para fazer da justiça uma realidade na vida de todas as pessoas. Mesmo assim, as bênçãos são dadas para aqueles que, mesmo apesar das suas deficiências e falhas, continuam apegados a esta fome e sede por aquilo que é certo e justo... e lutam para que isso se torne uma realidade para cada um dos seus pequenos cantos do mundo.
Francisco de Sales escreveu certa vez: "Eu sei que você tem uma dívida... nunca tire dos outros aquilo que lhes corresponde" (Stopp, Letters, 69). Sentir fome e sede de justiça de Deus significa que devemos também ser justos: é preciso trabalhar para cumprir com a dívida que temos para com os outros. Isso obviamente levanta a questão: Por que eu tenho uma dívida com os outros? Acaso lhes devo alguma coisa? 
Eis a resposta:

Respeito.
Reverência.
Cortesia.
Paciência.
Honestidade.
Verdade.
Generosidade.

Estar com fome de Deus, estar sedentos de Deus requer, entre outras coisas, que atuemos como Deus: que nós nos esforcemos para tratar os outros com o mesmo respeito, a mesma reverência, a mesma cortesia, a mesma paciência, a mesma honestidade, a mesma veracidade e a mesma generosidade com que Deus nos trata.
Estamos famintos e sedentos?   

P. Michael S. Murray, OSFS - Diretor do Centro de Espiritualidade de Sales.
Tradução e adaptação: P. Tarcizio Paulo Odelli - SDB

Dos escritos de São Francisco de Sales


No Evangelho de hoje ouvimos Jesus dizer aos seus discípulos que se eles desejam segui-lo devem estar dispostos a negarem-se a si mesmos e carregar a sua cruz de cada dia. São Francisco de Sales negar-se a si mesmo significa que devemos deixar de lado todos os amores que não vêm de Deus, para que Ele possa encher com Seu amor divino. Como levar nossas cruzes, ele diz o seguinte:
As cruzes que encontramos fora são excelentes, mas melhor ainda são aquelas que encontramos em casa. Na mesma medida em que elas são insuportáveis, valem mais do que o jejum e inclusive a austeridade. As cruzes que nós inventamos quase sempre pesam muito pouco. Nós as criamos, portanto, não levam a uma transformação significativa.
A vida de Jesus confunde a todos aqueles que tentam ignorar os ensinamentos do Evangelho. O verdadeiro cristão entrega toda sua santidade na sabedoria da cruz. Esta sabedoria é totalmente oposta à sabedoria com base na cultura. Carregar nossas cruzes significa que estamos dispostos a passar trabalho, a suportar perseguições e insultos por causa da justiça.
Não desejem carregar cruzes maiores do que aquelas que hoje estão a suportar com paciência. Não devemos desejar ser mártires, quando na verdade não temos a coragem e paciência necessárias para carregar pequenas cruzes que enfrentamos diariamente. Muitas vezes nos deixamos levar pelo desejo de coisas que não temos, e que jamais encontraremos, apenas para desviar a nossa atenção das coisas que temos e que, por pequenas que sejam, podem beneficiar-nos imensamente.
È possível que na hora de assumir suas cruzes diárias sintam certa impotência. Mas este sentimento de impotência os ajudará a colocarem-se nas mãos de Deus. Nosso Salvador deseja fazer da nossa impotência Seu trono. O que não esperamos de nosso próprio poder, podemos esperar da graça de Deus, cuja bondade divina está sempre presente em nós.
(Adaptado a partir dos escritos de São Francisco de Sales)

quarta-feira, 19 de junho de 2013

IIº FÓRUM DA ESPIRITUALIDADE SALESIANA

Nos dias 18 a 20 de outubro teremos o 2º Fórum da Espiritualidade Salesiana, conforme folder abaixo. Vamos participar.



terça-feira, 18 de junho de 2013

Perspectivas Salesianas 14 - A Divina Providência... e o cuidado do Pai


"Não pense no amanhã, porque o mesmo Pai que se preocupa hoje por você, cuidará de você amanhã e sempre".
Assim São Francisco de Sales usa essas palavras normalmente tranquilizantes para nos exortar a confiar na Divina Providência no momento preciso em que nossa vida se encontra diretamente afetada pelo presente.
Santa Joana de Chantal observa: "Eis aqui a nossa excelência: ver a vontade de Deus em todas as coisas e cumpri-la". A Espiritualidade Salesiana nos desafia a ver, gostar e ouvir esta Divina Providência exatamente onde estamos.
Os livros de oração mais recentes concentraram-se em "ouvir" a Deus, mas para muitos de nós é difícil "ouvir" a mensagem. Isto se deve porque a origem da "resposta" pode estar nas palavras de um amigo ou colega.
Consideremos mais diretamente um dos meios no qual São Francisco de Sales faz chegar aos lares a mensagem da presença real de amor Deus em seu perpétuo cuidado perpétua por cada um de nós.
Uma maneira de fazer isso pode ser reconhecendo a oportunidade que nos apresentam outros a descobrir a sua mensagem. "Viva inteiramente para Deus e ao participar de conversas e reuniões sociais, tente ser útil aos outros." É precisamente nestas "Reuniões" que momentos de cuidado, confiança e compaixão podem elevar a outro plano as experiências ordinárias.
Em segundo lugar, reconheça o amor do Pai em eventos comuns. "Então, se você atender e gerenciar   os bens deste mundo com uma mão, com a outra você deve segurar sempre e com firmeza na mão de Deus." Quando cooperamos com a vontade de Deus, nossas vidas tornam-se mais e não menos livres.
Em terceiro lugar confie no cuidado de Deus: "Esteja em paz, porque você é filho de Deus e deixe que seu inquieto e desanimado coração descanse no sagrado e amoroso peito do Salvador, que, por sua doçura e nobreza, é como uma mãe." Este amoroso pai/mãe é a melhor descrição do amor incondicional tão vital para uma personalidade saudável.
Em quarto lugar, mantenha-se centrado. "Não deixe a ansiedade controlar o seu coração. Você passou por uma série de provas pela graça de Deus; a mesma  graça estará ali em todos os momentos   que surgirem." A maioria dos terapeutas se serve apenas deste conselho para ajudar os clientes a resolver  seus  problemas usando as habilidades da sua própria experiência. Quanto mais nos concede a Providência Divina para recorrer "caminhos abruptos"!
Santa Joana de Chantal nos oferece uma bela imagem para abrir-nos à Providência Divina: "Deveríamos manter-nos nas mãos bondosas deste grande Deus assim como colocamos o tecido nas mãos do alfaiate, que corta em cem pedaços diferentes para usá-lo como  ele quer e desenha. Assim também nós devemos nos deixar cortar, martelar e cinzelar pela poderosa mão de Deus, exatamente como deseja a Divina Providência, e desta forma converter-nos na pedra precisa que adorne a cada de Deus, que é vida e amor". Se esquecermos destas coisas, Francisco nos adverte em suas cartas, lembrando esta máxima: "Deus é nosso Pai, porque se assim não fosse, Jesus não teria mandado rezar o Pai Nosso... Por que vocês temem sabendo que são filhos de um Pai cuja providência não deixar cair um fio de cabelo de suas cabeças"?

Para refletir:

1. Estou consciente da presença de Deus neste momento da minha vida?
2. Como se manifesta o amor de Deus na minha família, com os amigos e na comunidade?
3. Reconheço que uma resposta "pacífica" às mudanças na vida leva a um maior crescimento?
4. Ouço a voz de Deus nas palavras dos meus amigos?
5. Qual é a minha relação com as palavras  do "Pai Nosso"?
6. Esta oração me ajuda a reconhecer a necessidade que eu tenho de alimentos, perdão e proteção contra o mal?

Pensamentos de São Francisco de Sales


sexta-feira, 14 de junho de 2013

Reflexão Salesiana para o XI domingo do Tempo Comum - 16 de junho de 2013


Destaque: "Os muitos pecados que ela cometeu estão perdoados, porque ela mostrou muito amor. Aquele a quem se perdoa pouco mostra pouco amor".


Perspectiva Salesiana

Na vida sempre temos "momentos de aprendizado". E sabemos que são muito importantes ainda mais nos dias de hoje, quando devemos reaprender todos os dias. O Evangelho de hoje nos dá um exemplo muito forte de um destes momentos, ligados ao perdão e ao amor. "Certo" fariseu desfrutava de sua experiência no que diz respeito à lei e os profetas, mas não entendia nada de misericórdia, perdão, generosidade. Porém, uma "mulher conhecida na aldeia como pecadora", parece que teve maior compreensão da misericórdia e da generosidade de Deus, encarnada na pessoa de Jesus.
Embora o fariseu, sem dúvida, possuísse grande conhecimento, é a "mulher conhecida na aldeia como uma pecadora", quem mostra um grande amor, apesar de seus pecados e fraquezas.
Vale a pena considerar aqui a opinião de Francisco de Sales, no que diz respeito à relação entre amor, arrependimento e perdão.
"Teótimo, no meio das aflições e amarguras de um vivo arrependimento, Deus põe muitas vezes no fundo do nosso coração o fogo sagrado do seu amor. Depois este amor converte-se na água de copiosas lágrimas, as quais, por uma segunda transformação, são convertidas num maior fogo de amor. Foi assim que a célebre amante arrependida amou primeiramente o seu Salvador. Este amor converteu-se em lágrimas, e estas lágrimas num perfeito amor, pelo que Nosso Senhor disse que muitos pecados lhe eram perdoados, porque tinha amado muito.  Por esta razão, a penitência perfeita tem dois efeitos diversos: em virtude da dor e da aversão, separa-nos do pecado e da criatura a quem o prazer nos havia ligado, mas em virtude por motivo do amor donde procede, reconcilia-nos e reúne-nos ao nosso Deus do qual estávamos separados pelo pecado na sua qualidade de arrependimento, nos liga a Deus na qualidade de amor". (Tratado do Amor de Deus, Livro II, capítulo 20)
É interessante o que Francisco de Sales diz após esta mesma relação entre o arrependimento, amor e perdão tendo presente a segunda leitura de hoje, a carta de Paulo aos Gálatas: "Este arrependimento amoroso pratica-se ordinariamente por impulsos ou elevações do coração para Deus... Por isso, não é sem razão que algumas pessoas dizem que a oração justificava, porque a oração contrita, ou a contrição suplicante, elevando a alma a Deus e unindo-a à sua bondade, obtém sem dúvida o perdão, em virtude do santo amor que lhe dá o movimento sagrado". (Ibid)
É irônico que o grande pecador - ou, ao menos, aquele que reconhece a realidade de seus pecados, seja mais qualificado para espalhar o amor e para receber o amor - e o perdão de seu Salvador! O que podemos aprender com os seus pecados... com o seu arrependimento ... com a sua hospitalidade... com o seu amor... e até mesmo do grande amor do seu Salvador? 
Como podemos colocar isso em prática nas nossas relações com os outros?

P. Michael S. Murray, OSFS - Diretor do Centro de Espiritualidade de Sales. 
Tradução e adaptação: P. Tarcizio Paulo Odelli - SDB



Nos dias 10, 11 e 12 de junho estive em Curitiba, transmitindo a Espiritualidade Salesiana e a vida e obra de São Francisco de Sales para os noviços salesianos e para as lideranças da Paróquia Menino Jesus de Praga. Foram dias proveitosos de convivência e de novas aprendizagens. 


sábado, 8 de junho de 2013

Reflexão Salesiana para o décimo Domingo do Tempo Comum - 9 de Junho de 2013


Destaque: "Ao vê-la, o Senhor sentiu compaixão para com ela"

Perspectiva Salesiana

O coração de Jesus é, entre outras coisas, todo compaixão. Como vimos repetidas vezes em cada um dos quatro Evangelhos, o coração de Jesus sempre se comove com as necessidades dos outros e procura atendê-las.
No Evangelho de hoje ouvimos como Jesus se comoveu pela dor da viúva, cujo filho tinha morrido. A compaixão que ele sentiu por ela o levou a aproximar-se do corpo, a pôr a mão sobre ele, e a ordenar que o jovem se levantasse. Quando o jovem retornou à vida, Jesus o entregou a sua mãe. A compaixão de Nosso Senhor não só criou vida, mas também produziu alegria e regozijo ao restabelecer a relação entre uma mãe e seu filho. 
Outra passagem da bíblia lida no dia de hoje fala do mesmo poder da ação de Deus através do profeta Elias. Um jovem foi trazido de volta à vida e à sua mãe, que era viúva. A ação de Elias ao ressuscitar o filho da mulher, tinha como intenção corrigir a noção de que Deus é muito vingativo, que desejava a morte como um castigo pelo pecado. De fato, a maravilhosa obra de Elias enfatizou o amor e a compaixão que Deus tem por todos aqueles a quem Ele quer salvar e reviver. 
Se olharmos para trás no fluxo da história sagrada perceberemos que milagres como a ressurreição dos mortos são um prenúncio do mistério da morte e ressurreição de Jesus. Ele morreu para expiar nossos pecados e ressuscitou para compartilhar a vida com a gente, para que possamos ter participação em Sua vida.
Jesus fala-nos do mesmo modo que falou com o jovem que tinha morrido: "homens e mulheres jovens, homens e mulheres, velhos, crianças, levantem-se!" 
E nós? Deus não nos convidou, desafiou-nos e nos mandou mostrar o seu poder, a Sua bondade amorosa e generosa em nossas relações com os outros? Jesus se comoveu pelas necessidades dos outros e mostrou a força do seu poder de perdoar, curar, alimentar, e até de ressuscitar.
Poderíamos dizer o mesmo de cada um de nós? 

P.Michael S. Murray, OSFS - Diretor do Centro de Espiritualidade de Sales. 
Tradução e adaptação: P. Tarcizio Paulo Odelli - SDB

Dos escritos de São Francisco de Sales

A leitura do Evangelho de hoje narra uma das três ocasiões em que Jesus ressuscitou alguém dos mortos. No entanto, a ressurreição do filho da viúva é específica do Evangelho de Lucas. Os três Evangelhos sinópticos registram a ressurreição da filha de Jairo, e só João narra o sucesso da ressurreição de Lázaro. Mas como Lucas é o único que conta a história de Naim, devemos estar conscientes das questões presentes nesta narrativa, e a ênfase dada por ele. Por exemplo, o fato de que a história centra-se em uma mulher, também viúva, reflete uma tendência de Lucas para revelar a preocupação que Jesus teve com as pessoas mais desfavorecidos da sociedade. Da mesma forma, todo o evento foi apresentado de uma forma que nos faz lembrar de uma ação similar realizada pelo profeta Elias, narrada na primeira leitura de hoje. Ao apresentar Jesus sob o mesmo ponto de vista que o profeta do século IX, que até então havia se tornado uma figura escatológica ligado ao advento do Messias, Lucas destaca as ações de Jesus como atos de significado escatológico e messiânicos.
Diferentemente da maioria dos milagres realizados por Jesus durante toda a sua vida, é importante que a fé não foi mencionada como o motivo que o levou a agir neste caso. Na verdade, a história parece sugerir que Jesus ressuscitou o homem movido unicamente por compaixão. A compaixão é uma força positiva muito poderosa. São Francisco em sua Introdução à Vida Devota escreveu sobre isso: 
"Um dos melhores exercícios que podemos fazer como parte de nossa prática da obediência é nunca deixar que nossas imperfeições nos oprimam. Embora a razão nos obrigue a sentir desgosto e vergonha quando cometemos uma falha, não podemos permitir que o desgosto seja marcado pela amargura, paixão ou ressentimento. Há muitas pessoas que se sentem culpados por isso. Que depois de deixar-se levar pela raiva, ódio, se enfurecem ainda mais ao perceberem que perderam seu temperamento, se preocupam pelo fato de terem-se preocupado, ficam indignados por terem sentido raiva, e nesse ciclo mantêm seus corações imersos e encharcados nas paixões. Alguém poderia pensar que uma segunda onda de raiva poderia cancelar a primeira, mas, na realidade, tudo o que faz é reacender a ira nas pessoas pelo ocorrido inicialmente. Assim como o pai que faz uma repreensão com brandura e afeto tem um efeito muito maior sobre os seus filhos, aquele que os reprime estando cheio de raiva, quando comete uma falta - se repreender o coração com calma e carinho, se mostrar compaixão para com ele, em vez de raiva contra ele, se encorajar a alterar o seu arrependimento pelo erro estará desenvolvendo através deste método algo muito mais profundo e mais eficaz”... (Tema Salesianos seleccionados , p. 5 . # 0012)
A compaixão despertou em Jesus o poder para ressuscitar alguém. Imaginem como essa mesma compaixão poderá contribuir para superar as nossas imperfeições e os nossos esforços para crescer na prática da devoção! 
(Adaptado a partir dos escritos de São Francisco de Sales)