sexta-feira, 28 de março de 2014

Reflexão Salesiana para o quarto domingo da Quaresma - 30 de março de 2014






















Destaque: "Viver como filhos da luz, porque a luz produz todo tipo de bondade, justiça e verdade." 

Perspectiva Salesiana

Jesus cura a cegueira tocando no jovem cego. Ao expressar nossa fé, imitando o gesto do toque de Jesus nos outros, também permitimos que eles possam ver e experimentar o poder da cura de Jesus.
Jesus tomou a iniciativa quando curou a cegueira do jovem cego, que tinha nascido assim. Este milagre permitiu que outras pessoas pudessem ter uma compreensão melhor de Jesus e de sua missão. 
O homem dialogou com as autoridades em relação à sua cura. Ao fazê-lo, ele teve um entendimento melhor de Jesus por si mesmo, e assim foi capaz de desafiar as autoridades sobre suas crenças. 
Francisco de Sales escreveu na Introdução à vida devota (3.26): "Se vocês amam a Deus, falarão d'Ele frequentemente em suas conversas familiares com aqueles que vivem em suas casas, com seus amigos e com seus vizinhos... Mas falem sempre de Deus, como Deus: com reverência e com devoção, não ostensivamente, mas com um espírito submisso, caridoso e humilde... Orem em segredo a Deus nas profundezas de sua alma, para que possam agradá-lo, para que este orvalho sagrado chegue profundamente nos coração daqueles que os escutam." 
À medida que o jovem continuava falando de Jesus, ele descobriu o mistério do que lhe tinha acontecido e quanto Jesus significava para ele. Passou a ver Jesus não apenas como um milagreiro, mas, reconheceu, acreditou que Ele era o Filho de Deus ("e o venerava"). Aos poucos começou a conhecer Jesus em sua totalidade, encontrando e fazendo esta verdade como sua verdade, e sem dúvida, mudando a sua vida para sempre. 
Durante este tempo da Quaresma, o Sacramento da Reconciliação nos proporciona um toque de Jesus para curar a nossa própria cegueira, a nossa fraqueza e o nosso pecado. A oração e a meditação nos fornecem os meios para que o mistério seja revelado a nós para nossa própria redenção. Ler e ouvir a Palavra de Deus nas Escrituras e compartilhá-la com os outros em grupos de estudos bíblicos e outros encontros menos formais nos permitem chegar a uma maior compreensão de como podemos ser participantes da missão de Jesus e da sua Igreja. 
Abrindo-nos ao dom da fé enxergamos os outros da mesma maneira como Deus os enxerga. Samuel viu em Davi o homem que Deus tinha ungido.
São Paulo na sua carta aos Efésios diz: "viver como filhos da luz, porque a luz produz todo tipo de bondade, justiça e verdade." 
Se o nosso estilo de vida, como cristãos tornar-se um desafio para os outros, podemos expressar nossas crenças com humildade. Temos que aceitar o dom da graça que recebemos não só como um presente, mas como uma responsabilidade para ajudar as outras pessoas. Elas, como nós, também estão abertas a graça e para sermos curados da nossa própria cegueira, precisamos ver e experimentar a luz que encontramos somente na vida, na morte, na ressurreição e no amor de Jesus Cristo.

P. Michael S. Murray, OSFS - Diretor do Centro de Espiritualidade de Sales
Tradução e adaptação: P. Tarcizio Paulo Odelli - SDB

Dos Escritos de São Francisco de Sales

Hoje Jesus nos lembra de que Ele é a luz do mundo, fonte de toda bondade, justiça e verdade. Todos nós fomos encorajados a viver na sua luz. São Francisco de Sales nos diz o seguinte: 
A mente humana encontra satisfação total no descobrimento, em poder conhecer a verdade das coisas. Quanto maior for a verdade, maior será o prazer. Ainda assim, a nossa condição humana nos faz hábeis na busca de honras, riquezas e poder. A experiência quotidiana ensina-nos que todos esses amores inúteis tendem a nos desviar da verdade, em vez de considerar a verdade do amor de Deus. O amor de Deus nos faz pensar sobre a verdade de um paraíso cheio de felicidade eterna.
O amor sagrado refresca e fortalece nossos corações, quando aceitamos com fé a verdade que encerram os ensinamentos de Jesus. Quando a bondade de Deus nos dá a luz para percebermos a nossa cegueira, este é um sinal de que houve uma conversão interna. É então que nos reconhecemos como filhos da luz. Quando removemos todos os obstáculos que nos impedem de amar a Deus, adquirimos a capacidade de amar-nos uns aos outros, assim como Ele quer que a gente ame. Quando descobrimos uma imperfeição humana, já fizemos a metade do trabalho necessário para corrigi-la. Porque recebemos o entendimento que nos permitirá libertar-nos da nossa cegueira. No entanto, é importante ter paciência para enfrentar nossas falhas. Temos que aprender a reconhecê-las com calma e sem alvoroço. Nada é mais favorável para o crescimento deste tipo de "ervas daninhas" do que a nossa ansiedade para livrar-nos  delas. Caminhem sempre no caminho da santidade, e verão como estas imperfeições irão enfraquecendo.
Nosso Salvador nos teve em suas mãos, e foi o responsável por guiar nossas vidas, mesmo quando não nos entregamos completamente a Ele. Neste momento, quando tudo o que queremos é cumprir sinceramente a vontade de Deus, não acham que Ele quer proteger estes cordeirinhos que se apartaram do doce Pastor? Concentremo-nos fielmente em nutrir, com reverência e confiança, o dom da conversão que Deus nos deu. Façamos da graça de Deus algo eficaz em nossas vidas, perseverando em nossas sagradas resoluções e nos nossos bons desejos. Assim, então, poderemos viver na Luz de Cristo, e gerar verdade, justiça e bondade.
(Adaptado a partir dos escritos de São Francisco de Sales) 

sexta-feira, 21 de março de 2014

Reflexão Salesiana para o Terceiro Domingo da Quaresma - 23 de março de 2014

Destaque: "O Senhor está no meio de nós ou não?"
Perspectiva Salesiana

Esta tem sido uma questão que transcende gerações, que quase sempre aparece em tempos de crise e confusão, ou quando experimentamos o sofrimento, tragédias, injustiças ou perdas.
Furiosos, frustrados e desiludidos, os israelitas - nossos antepassados ​​espirituais - fizeram esta pergunta a Moisés durante a viagem aparentemente sem rumo definido para a qual eles estavam sendo levados. Do mesmo modo, nós fazemos esta mesma pergunta em nossa caminhada diária em relação aos eventos globais como o terrorismo, a guerra, a fome, as epidemias, ou por causa de nossos próprios conflitos, como o desemprego, a doença, a morte e as relações humanas.
Além disso, esta questão é perfeita para refletir sobre como estamos vivenciando o tempo da quaresma.
Falando de modo intelectual, acreditamos que Deus está verdadeiramente entre nós. Francisco de Sales também acreditava nisso, mas para esta crença, não era puramente intelectual. Era uma crença fundamental: "Não existe nenhum lugar, nada neste mundo em que Deus não está realmente presente. Assim como onde quer que os pássaros voem sempre encontram ar, da mesma forma, para qualquer lugar onde formos, iremos encontrar Deus ali presente."(IVD, Parte II, Capítulo 2) 
No entanto, em nosso afã para que Deus faça jorrar água da rocha em tempos de adversidade, muitas vezes esquecemos o fato de que Ele está conosco em todos os momentos. Em tempos de crise, aqueles que nos incentivam com uma palavra amável, um gesto de amizade ou de um ouvido atento estão refletindo a presença imediata de Deus em nossas vidas. Uma presença da mesma forma experimentada nas leituras das Sagradas Escrituras que escutamos, na Eucaristia que partilhamos, e na oração que brota dentro de nós.
No entanto, tendemos a entrar em pânico e não vemos o óbvio quando estamos buscando freneticamente o Senhor, especialmente em tempos de grande necessidade. Esquecemo-nos de que Deus está tão perto de nós como o ar que respiramos. Um erro que a mulher samaritana quase cometeu no seu próprio encontro com Jesus junto ao poço. O Senhor está com ela - na verdade, Ele está bem na frente dela, mas o fato de que um homem judeu espontaneamente pedisse algo para beber é tão surpreendente para ela, que é quase incapaz de reconhecer aquele com quem ela estava falando. Felizmente, ela percebe que "possivelmente seja Cristo", e a gratidão que ela sente, faz com que deixe o jarro com água para correr à cidade, anunciando aos habitantes as Boas Novas do seu encontro com Jesus. 
Seja no deserto ou no poço, os sinais da presença de Deus sempre estão presentes entre nós, e como aconteceu com a mulher do Evangelho, devemos ser agradecidos. A gratidão que sentimos e expressamos através destes sinais produz confiança: confiança em Deus e confiança naqueles que são sinais do amor de Deus para conosco. "Somente confie no Senhor", escreve São Francisco de Sales, e  "Ele continuará orientando-os com sabedoria, para que possam enfrentar qualquer coisa. Onde vocês não podem caminhar, Deus irá levá-los em seus braços." 
Nas Constituições dos Salesianos de Dom Bosco está escrito que "somos sinais e portadores do amor de Deus aos jovens." Rezemos para que possamos converter-nos em sinais da presença de Deus na vida dos outros, como um sinal de gratidão por todos aqueles momentos em que o Senhor nos carregou em seus braços.

P. Michael S. Murray, OSFS - Diretor do Centro de Espiritualidade de Sales. 
Tradução e adaptação: P. Tarcizio Paulo Odelli - SDB


Dos Escritos de São Francisco de Sales

As leituras de hoje falam dos catecúmenos. Moisés experimenta uma fé mais profunda na Palavra de Deus. A mulher samaritana experimenta uma nova vida em Cristo. São Francisco de Sales escreve: "Existem duas vidas completamente diferentes que estão representadas em nós: a "velha vida" e a "nova vida". Na "velha vida" vivemos de acordo com os pecados e sofrimentos que incorremos como resultado de nossa condição e cultura humana. Somos como a águia arrastando suas velhas penas no chão, incapaz de alçar voo. Se desejamos entrar na "nova vida", devemos nos libertar da velha vida, 'sepultando-a nas águas do santo batismo e da penitência."
Na "vida nova" vivemos baseados no amor, no favor, e na vontade de nosso Salvador. Nossa nova vida em Cristo nos cura e nos redime. É vida vívida e vivificante. Isso nos dá capacidade de voar através do ar, porque estamos "vivos para Deus em Cristo Jesus nosso Senhor." Nossa nova vida também é como a águia que, uma vez que se despojou de suas velhas penas, adquiriu novas penas. Rejuvenescida pelo crescimento de suas novas penas voa com grande poder. Infelizmente, existem almas sensíveis, recém-nascidas das cinzas da penitência, enfrentando grandes dificuldades para voar pelo ar libertador do amor sagrado. Mesmo quando vivem animadas, envolvidas pelo amor, pode ser que ainda continuem conservando dentro de si certos hábitos de sua antiga vida. Durante nossa passagem por este mundo transitório podemos inclinar-nos pelo amor sagrado, ou por amores inúteis.
Quando optamos por seguir o amor fútil, retornamos a vacilar em nossa determinação de servir a nosso Senhor. Isto é normal.  Quando ofendemos um amigo é normal sentir-nos envergonhados. Mas, nunca devemos viver na vergonha. O nosso processo de amadurecimento no amor de Deus é tal que sempre existe uma abertura para os assaltos de outros objetos e aparentes benefícios. A razão pela qual experimentamos a incerteza para encomendar-nos a Deus em nossas fraquezas é para que possamos atirar-nos, ainda com mais força, nos seus braços misericordiosos. Temos que ter coragem para descartar a velha vida. Empenhamos a nossa confiança a fim de viver uma nova vida em Jesus Cristo, que deseja aprofundar o nosso amor, para que possamos ser eternamente amorosos. 

(Adaptado a partir dos escritos de São Francisco de Sales) 

sexta-feira, 14 de março de 2014

Reflexão Salesiana para o 2º Domingo da Quaresma - 16 de março de 2014


Dos escritos de São Francisco de Sales

Neste domingo escalamos o Monte Tabor com Jesus. Ali conseguimos avistar brevemente a glória de nosso Salvador, cujo amor divino nos transforma continuamente. São Francisco de Sales observa: Jesus, através da sua Transfiguração mostra-nos um vislumbre da bem-aventurança eterna que nos espera. Nosso Senhor foi transfigurado para gerar em nós o desejo de felicidade eterna em sua totalidade. 
Nosso gentil Salvador faz uso de suas atrações e inspirações divinas, para aproximar-nos da expressão mais pura do Seu amor. Quando Deus nos dá a fé, Ele se comunica diretamente com nossa mente através das inspirações. O Espírito Santo é responsável por difundir em nós estes primeiros sinais do amor de Deus. Nos corações que aceitam, Ele vai fortalecendo gradualmente, gentilmente, o amor sagrado, que emana das inspirações. 
Os discípulos experimentaram essa alegria no Monte Tabor, e, por um momento desejaram permanecer ali. Entreguemos também todos os nossos afetos ao nosso Salvador, e aspiremos conseguir a felicidade que Deus preparou para nós. Ele nos deu todos os meios necessários para alcançar a felicidade da glória eterna. Estamos também escalando o Monte Tabor, e também fizemos um firme propósito de servir melhor o nosso Salvador, de amar Sua divina bondade. Mesmo assim, e como acontece quando começamos a avançar no caminho da santidade, muitas vezes achamos que nossos afetos ainda estão entrelaçados em amores inúteis.  Mas, não fiquem tristes com isso. Vejam como uma oportunidade para colocar em prática as virtudes. Vocês sentem um grande desejo de santidade. Alimentem esse desejo e permitam que ele cresça cada dia. Se vocês tropeçarem, clamem ao Senhor que deseja receber o seu amor, e que os conduz pela sua mão. Escalem, então, o Monte Tabor sem desfalecer, rumo à visão celestial que nosso Salvador nos deu. 
Caminhem contentes entre as dificuldades que se apresentam nesta vida passageira. Assumam todos os desafios que aparecem no longo do caminho que Deus tem previsto para vocês, e mantenham-se em paz. A transformação é a verdadeira marca de uma manifestação divina. Oxalá sempre sintam o desejo de serem transformados! 

(Adaptado a partir dos escritos de São Francisco de Sales) 

Destaque: "E foi transfigurado diante deles..." 

Perspectiva Salesiana

Jesus leva Pedro, Tiago e João, a um alto monte. Ali, diante de seus olhos, Ele transfigurou-se. Eles viram sua glória radiante como o sol, como a luz. Eles puderam ver claramente a relação de Jesus com tudo o que o havia precedido na história divina da salvação através de Moisés e Elias. Eles ouviram uma voz que confirmou a união de Jesus com Deus, Abba... Pai. 
Algumas vezes me pergunto: foi Jesus quem mudou, ou foi algo que mudou dentro dos três seguidores de Jesus? 
Foi Jesus quem lhes mostrou algo novo e diferente de si mesmo, ou foram seus seguidores, que, pela primeira vez, puderam ver sem dificuldade e sem obstáculos a glória deslumbrante que sempre fez parte do ministério de Jesus para com os pobres, os desafortunados, os necessitados, os esquecidos?  Foi uma nova revelação para eles ouvirem a voz que falava de Jesus como o filho amado, ou, foi pela primeira vez que esses homens estavam ouvindo uma voz que sempre esteve presente e ativa desde o momento da concepção de Jesus? 
E nós?  Somos capazes de ver a glória que Deus nos deu e que está dentro de nós tão claramente como os três discípulos tiveram a oportunidade de ver em Jesus? Somos capazes de ver como o plano divino da salvação de Deus nos trouxe até o ponto em que nossa vida se encontra no presente momento?  Temos a capacidade de reconhecer o papel que cada um é chamado a desempenhar no mesmo plano divino da salvação? Ouvimos a voz de Deus que nos criou, nos redimiu e nos inspirou a sermos seus filhos amados, seus verdadeiros filhos e filhas? 
A mensagem não pode ser mais clara do que a Palavra de Deus que lemos no livro Gênesis. O mesmo Deus que falou ao nosso antepassado Abraão é o mesmo Deus que se refere a nós, quando diz: "Eu farei de ti uma grande nação, e te abençoarei; engrandecerei o teu nome, de modo que ele se torne uma benção. Abençoarei os que te abençoam... em ti serão abençoadas todas as famílias da terra!"
Na medida em que cada um de nós for uma bênção para os outros (o que é muito diferente de ser uma maldição) a glória deslumbrante de Deus brilhará em nós. A vontade de Deus é revelada através de cada um de nós. A voz amorosa de Deus é personificada em nós... para que o mundo inteiro possa vê-la. Não somente no topo da montanha da vida, mas também nos vales e planícies da vida e da convivência diária. 
À medida que transcorre este tempo da Quaresma, peçamos a graça de ver não somente a glória de Jesus, que está sempre conosco. Peçamos que a glória dada por Deus brilhe dentro de nós e dentro de todos aqueles cujas vidas influenciamos. Não escutemos somente a voz de Deus que fala de Jesus como um filho. Ouçamos a voz de Deus que nos chama de seus filhos e filhas nas circunstâncias, relacionamentos e experiências que vivemos a cada dia de nossas vidas. 

P. Michael S. Murray, OSFS - Diretor-Gerente do Centro de Espiritualidade de Sales.
Tradução e adaptação: P. Tarcizio Paulo Odelli, SDB

sexta-feira, 7 de março de 2014

Reflexão Salesiana para o Primeiro domingo da Quaresma - 09 de março de 2014

Destaque:  "Jesus foi levado pelo Espírito ao deserto, onde foi tentado pelo diabo"

Perspectiva Salesiana

Quando Jesus estava se preparando para começar o seu ministério público, onde anunciaria a Boa Nova do Reino de Deus, quando seria o tipo de Messias que o Pai tinha imaginado, quando abriria as mentes e os corações das pessoas para o poder e a promessa do Espírito Santo, foi tentado. 
Tentado a converter pedra em pão: usar seu poder de salvação para a sua própria conveniência. Tentado a se contentar com os reinos terrenos, tentado a encontrar satisfação em uma glória e majestade fugaz, passageira. Tentado a atirar-se para baixo do Templo, provavelmente para convencer as pessoas de sua identidade e autoridade através de um único evento dramático, um evento que daria ibope, manchetes. Hoje em dia, com certeza, o evento estaria em todas as redes sociais.
Basicamente, Jesus foi tentado a se tornar alguém diferente daquilo que Deus queria que ele fosse. Jesus foi tentado a ser um tipo diferente de salvador. Jesus foi tentado a acreditar que havia uma maneira mais fácil de resgatar, salvar, santificar. Jesus foi tentado a acreditar que ele poderia pegar um atalho no caminho da redenção, um atalho padrão para a salvação de todos.
Todos nós podemos nos identificar com tais tentações. Quantas vezes repetimos que nós seríamos mais felizes, mais saudáveis ​​e mais santos, se fossemos outra pessoa? Quantas vezes dizemos que deve haver outra maneira (por isso, uma maneira mais fácil, a menos inconveniente) para ser uma esposa melhor, um marido melhor, um filho ou uma filha melhor, uma boa irmã ou bom irmão, um bom amigo ou um vizinho melhor? A verdadeira tragédia é que, podemos passar a vida toda acreditando que alguém seria melhor se fôssemos mais ou se estivéssemos em outro lugar. Deste jeito, nós nunca iremos viver a vida, a única vida que Deus nos deu.
Francisco de Sales escreveu: "Não semeies teus desejos no jardim de outra pessoa; cultiva o teu da melhor maneira possível. Não tentes ser alguém que você não é, mas, deseje ser  profundamente quem você é. Concentre todos os teus pensamentos sobre isso, em levar da melhor maneira as cruzes, sejam elas grandes ou pequenas, que encontres no teu caminho. Acredite em mim, este é o ponto mais importante, e o mais incompreendido na vida espiritual." (Cartas de Direção Espiritual, p 112.) 
Jesus foi tentado a ser alguém diferente daquilo que o Pai queria que ele fosse. Jesus foi tentado a abandonar o caminho  autêntico que conduz ao amor, e a alterá-lo por uma promessa vazia e malvada de poder chegar a ele através de um atalho. Jesus foi tentado a buscar o caminho (aparentemente) mais fácil.  No entanto, acreditando e confiando no plano de Deus ele repudiou a promessa vazia de uma solução rápida. Ele escolheu o caminho que conduz à verdadeira felicidade, saúde e santidade. 
Neste tempo da quaresma, rezemos para que nos seja concedida a coragem necessária para reconhecer a voz do tentador que vive dentro de nós. Oremos para que nos seja dado o discernimento necessário para identificar a tentação de passar a vida querendo ser outra pessoa (que não somos!). Oremos para que nos seja dada a graça e a força para seguir o exemplo de Cristo, que nos mostrou que o amor não acontece rapidamente e que o caminho do amor não vem através de atalhos: o amor requer que estejamos dispostos a ir até onde for necessário... fielmente, todos os dias, e com cada pessoa em seu momento. 

P. Michael S. Murray, OSFS -  Diretor do Centro de Espiritualidade de Sales. 
Tradução e adaptação: P. Tarcizio Paulo Odelli - SDB

Dos Escritos de São Francisco de Sales

O Evangelho de hoje fala sobre as tentações de Cristo. São Francisco de Sales nos diz: Nosso Senhor não foi buscar a tentação. No entanto, ele deixou o Espírito guiá-lo para o deserto, para ser tentado, para assim mostrar-nos como resistir. Nenhuma pessoa que serve a Deus está isenta das tentações. No entanto, isso não significa que devemos buscá-las. Se o Espírito nos leva a um lugar onde nós nos encontramos com a tentação, devemos confiar que Ele também se encarregará de devolver-nos ao caminho certo. 
Quando perceberem que a tentação está rondando, ajam como crianças quando veem um urso no campo. Elas imediatamente correm para os braços de seu pai ou de sua mãe, ou ao menos, os chamam para dar-lhes proteção ou assistência. Recorram a Deus da mesma forma, porque não devemos confiar em nossa própria força ou a nossa própria coragem, para vencer o mal. Se a tentação persistir ocupem seus pensamentos com qualquer atividade que é saudável e louvável. Quando vocês permitem que bons pensamentos encontrem espaço em seus em seus corações, estes se encarregarão de mover os maus pensamentos. 
Não importa que tipo de tentação os engane e não importa o tipo de prazer que envolve. Enquanto se recusarem a concordar com elas, não ofenderão a Deus. Permitam aos inimigos da nossa salvação continuar à espreita, na porta do seu coração, tentando acessá-los. Enquanto os rechaçarmos, mantendo-nos vigilantes em nossos corações, poderemos ter a certeza de que o amor divino, a vida da alma persiste dentro de nós. Através da oração constante, dos sacramentos, e da confiança em Deus, a nossa força vai voltar e todos desfrutarão de uma vida saudável e feliz. 
Então caminhem com confiança, e fiquem em paz. Vivam bem em meio a mansidão, humildade e simplicidade. Se acreditam em Deus e na verdade da palavra de Deus, nada poderá prejudicá-los. Façam o propósito de não pecar, mas não se surpreendam, nem fiquem chateados, se caírem em pecado. Devemos confiar na bondade de Deus, que, apesar de tudo, não nos amará menos. 

(Adaptado a partir dos escritos de São Francisco de Sales)